sábado, 30 de dezembro de 2006

Gandhi verdade

"Um “não” dito com convicção é melhor e mais importante que um “sim” dito meramente para agradar, ou, pior ainda, para evitar complicações"

Mahatma Gandhi



quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Antes assim do que sim

Ultrapassados os estafantes festejos de fim de ano, vai este multi-secular povo de tradição humanista, hoje denominado português, reconhecido também fora de portas pela sua imensa hospitalidade e pela coragem em enfrentar dificuldades e desconhecimentos, discutir novamente a legalidade da prática do aborto provocado.

Seria bom, antes de mais, deixarmos certas patéticas ideias de lado, como os eufemismos que resultam em elegantes siglas como IGV ou conotar a opinião de cada um com questões religiosas ou políticas. Aqui, esquerda e direita nem deveriam ter posições definidas, até porque boa parte das suas doutrinas se contradizem com vários argumentos invocados.

Foi exactamente, aliás, a própria politização da problemática que levou ao primeiro dos equívocos quanto à consulta de Fevereiro – os cidadãos a quem, durante mais de oito séculos, só por duas vezes lhes foi permitido opinar sobre questões que não sejam a de escolher representantes, vão ser obrigados a repetir uma resposta à primeira das perguntas! Não haverá outras matérias igualmente importantes para que os portugueses se pronunciem, a começar provavelmente sobre que mecanismos podem ser utilizados para convocar um referendo? Será completamente legítimo que só quando os governantes ou o Parlamento decidem colocar perguntas concretas aos portugueses é que estes devem decidir? Não seria mais pertinente se se aproveitassem os enormes custos de uma consulta referendária para se interrogar os cidadãos sobre assuntos que nunca antes lhes foram colocados como a pena de morte, a eutanásia, a legalização da prostituição ou do comércio de drogas, o “casamento” de homossexuais ou as regras para naturalização de estrangeiros, em vez de lhes atirar com a mesma pergunta ao fim de 8 anos? Ou matérias políticas como o regime semi-presidencial, a república versus monarquia, os meios de alteração da Constituição ou grandes polémicas da ordem do dia como a vontade em pagar o aeroporto da Ota, o TGV, ou as SCUT’s através de portagens ou dos seus impostos?
A primeira razão para votar “Não” seria a de demonstrar que os decisores deveriam ter mais respeito pelo processo referendário e pela voz expressa pelos compatriotas, em vez de o usarem essencialmente como instrumento político.

Digo-o com o à-vontade de quem votou “Sim” no referendo de há oito anos. Nesse momento, comoveram-me sobretudo os argumentos de que sempre se verificariam abortos forçados, qualquer que fosse a lei, e os dramas de alguns casos mais próximos de gravidezes indesejadas. Hoje em dia, não tenho qualquer veleidade em admitir que não foi necessário ter sido pai para ter mudado de opinião.
Entendo, acima de tudo, que não devem existir posições acaloradas, sejam elas realmente radicais ou meramente firmes, pois a delicadeza e a complexidade do dilema são tamanhas, que é forçoso admitir que a opção será sempre por um mal menor. O que não quer dizer, contudo, que se arrume a questão com um mero “cada um faça o que entender”.
Poderá ser um pouco falacioso até pensar que, como sempre existirão abortos voluntários, a lei deve protegê-los. Mal de um país se, confrontado com a impotência de fazer cumprir a sua legislação, resolva modificá-la no sentido de permitir a sua desobediência. Assim, seria óbvia, por exemplo, a legalização da prostituição ou a permissão da apresentação de falsas despesas no IRS e no IRC, pois jamais um rigoroso controlo das leis actuais possibilitará que a generalidade dos cidadãos as respeitem. Tenhamos presente que a legislação deverá sempre obedecer a premissas normativas, mas também orientativas e, desejavelmente, informativas.

A outra grande questão, que habitualmente o “Sim” utiliza, prende-se com as dificuldades sociais e económicas que algumas mães acidentais teriam para educar e fazer crescer o indesejado filho. Aqui, corremos o risco de tomar a nuvem por Juno, pois não há autoridade alguma que tenha na sua posse dados estatísticos fiáveis sobre a precariedade das envolventes sócio-económicas de cada uma destas eventuais mães. Intuitivamente, arrisco-me a achar que a esmagadora maior parte dos casos que resultam em abortos provocados em Portugal têm como motivo simples constrangimentos sociais, seja por falta de coragem de confrontar a família, seja de assumir a gravidez e a educação da criança perante uma moldura social mais vasta. Aos restantes casos, será legítimo questionar: quantas situações graves e indesejadas somos todos forçados a aceitar, ao longo da vida, e com elas conviver esforçadamente? E quantas delas, sendo resolúveis, não o fazemos sem recorrer necessariamente à via mais fácil? E, mesmo naquelas em que baqueamos, ao tomar medidas fortes e irreversíveis, quantas vezes não nos arrependemos? Lembremo-nos contudo que não estamos a falar de algo que tenha a mesma importância do que a opção por um filme ao serão, nem o local onde passar o Natal. Bom, mas admitamos que, mesmo assim, deverão sobejar algumas situações em que aquele pequeno ser humano, ou, se preferirem, o potencial cidadão, não teria condições familiares minimamente dignas para progredir na caminhada da vida. Então e o Estado, que deverá fazer-lhe? Facilitar o corte de todas as possibilidades de sobrevivência ou responsabilizar-se pelo seu crescimento e educação até à idade adulta, tal como age perante um bebé abandonado num hospital público?

As boas razões para preferir “Não” ainda serão algumas mais, para o “Sim” também as há, mas não se pode deixar de apontar a posição covarde que o Estado provavelmente virá a assumir, ao tolerar e financiar abortos artificiais em vez de se responsabilizar pelos infortúnios ou leviandades dos seus cidadãos, como faz em tantas outros domínios, e investir ainda mais em informação preventiva e formação apropriada, dado que, não sendo Portugal já propriamente um País de gente tão iletrada que ignora como se procria, ainda não se vê uma disciplina de Educação Sexual na escolaridade obrigatória.

Acabo, pois, por tranquilamente desejar que as intenções de legalizar a morte medicamente assistida do embrião sejam, neste referendo, de novo abortadas.

domingo, 24 de dezembro de 2006

Compaixão Universal

Todas as criaturas vivas e a totalidade da natureza na sua beleza

"Um ser humano faz parte do todo a que chamamos universo [uni-versum, uma volta], uma parte limitada no tempo e no espaço. A experiência que tem de si mesmo, dos seus pensamentos e sentimentos, é a de algo separado do resto, uma espécie de ilusão óptica da consciência.
Esta ilusão é uma espécie de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e ao afecto por algumas pessoas que nos são mais próximas. A nossa tarefa deverá ser a de nos libertarmos desta prisão, alargando o círculo da nossa compaixão de modo a abranger todas as criaturas vivas e a totalidade da natureza na sua beleza."
Albert Einstein

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Feliz bacalhau e prósperas batatinhas

Como o bacalhau ainda não foi brindado com a mesma má sorte que o golfinho branco e, portanto, a sua extinção ainda não ocorreu em 2006, parece que vamos contar com uma ceia de Natal como sempre tiveram os nossos avós e os nossos tetravós.

Pelas notícias que chegam dos mares do norte, não será tão certo que os nossos filhos possam blogar coisa semelhante dentro de alguns anos. Um belo aviário perú constipado ao estilo euro-Natal/"Thanks giving", ou uma suculenta "puesta a la mirandesa" com umas loucuras salteadas, são hipóteses pelo menos tão prováveis para as próximas décadas.



terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Golficídios

Com poucos dias de intervalo, da Ásia para o Ocidente, chegam tenebrosas notícias de barbáries cometidas a golfinhos:

1 - O golfinho branco, conhecido orientalmente há milhões de anos como o baiji, e que apenas existia já no rio chinês Yangtze, foi extinto
(http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2006/12/13/AR2006121302039.html?nav=hcmodule)

2 - Do Japão, divulgam-se imagens de práticas de chacina em massa a populações de golfinhos (esta ainda é mais chocante: http://www.glumbert.com/media/dolphin)

Quando a força cultural permite tamanha tolerância a estes factos, será realmente xenófobo ter sérias restrições de confiança para com estes povos?

domingo, 17 de dezembro de 2006

VASCONCHEQUES...

O consensualíssimo Presidente da ERSE, Jorge Vasconcelos, apresentou a sua demissão cerca de dois meses após ter sido contrariado (ou, se quiserem, desautorizado) na subida de 16% das tarifas eléctricas pelo Ministro da Economia. E quase um mês depois de assistir calmamente, da primeira fila da plateia do "Prós e Contras", a rasgadíssimos elogios de todos os quadrantes eléctricos da Nação.

O salário mensal do Presidente da ERSE é de 18.000 euros. Tal com os restantes Administradores demissionários, salvaguarda apenas 12.000 euros por mês durante 2 anos, após abandono do cargo.

Se bem que os estatutos da ERSE não determinem naturalmente os valores das remunerações, nos termos do seu artigo 28º " os membros do Conselho de Administração estão sujeitos ao estatuto do gestor público em tudo o que não resultar dos presentes estatutos.”, estando assim imunes às normas aprovadas em Conselho de Ministros, no dia 19 de Outubro deste ano, onde se introduzem tectos de remuneração e se limitam regalias dos gestores de organismos públicos.

Bom Natal, caro Jorge!

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Quem serão os próximos? Chavez? Kim Jong-Il? Ahmadinejahd? George Bush III?

Ambos morrem na pátria. Um fora do poder, outro não.
Pinochet foi a enterrar. Fidel ainda não.

Aqui também, Fidel não perdeu. Podem ter ido dar a notícia da morte de Pinochet ao cadáver de Fidel, mas a notícia da morte de Fidel será dada à lápide de Pinochet.
De resto, quem ganha e quem perde no "campeonato" dos ditadores sanguinários? A barbárie tem unidades? Os métodos de eliminação dos inimigos políticos têm graus? Claro que assim fosse, já se teria inventado o facinorímetro.
E mesmo se o número de mortos fosse a fiel medida do nível de sanguinarismo, teríamos muita dificuldade em colocar, na posição certa do ranking, Estaline, Hitler, Gengis Khan, Napoleão, Júlio César, Mao-Tsé-Tung, quanto mais Fidel ou Pinochet.

Borat Desilusyev

Depois de me entusiasmar com múltiplos artigos que muito elogiavam as qualidades de Sasha Cohen e o intelectualmente afinado humor do filme "Borat", consegui finalmente assistir a ele, tendo ficado com a ideia de que o comediante britânico perdeu uma brilhantíssima oportunidade de fazer uma longa metragem histórica. A ousadia com que se expôs a tantas cenas provocantes, que supostamente fizeram do seu filme uma sucessão de "apanhados", de legitimidade duvidosa aliás, poderia, pelo menos, ter sido bem melhor explorada no sentido de colocar a nú tantas ridicularias da sociedade ocidental, em vez de se ter concentrado em puxar, para o campo do hilariante, o "atraso" que certos países do Leste Europeu, como o Cazaquistão, ainda têm sobre os que produzem e realizam cinema internacional. Quando digo "atraso", refiro-me, tal como Borat aponta, ao nível económico, social e judeu. Foi pena. Chenquieh!

domingo, 10 de dezembro de 2006

Mau Maria...

No desinteressante conteúdo noticioso de mais um longo fim-de-semana com perfume a Natal, salienta-se provavelmente, como o mais inócuo de todos os destaques, a frase-chave da entrevista de Maria Cavaco Silva à revista Visão - "Sou de centro-esquerda".
O déjá vu parece tanto que faz lembrar imediatamente, mas à nossa escala e em versão soft, os contributos de Lady Di para com a causa anti-minas nos meninos de africanos ou o cartão de sócia da Cruz Roja de Reina Sofia.
Um dedinho de um bom Gabinete de Comunicação é sempre bem vindo...

O valor da palavra

Em artigo do último Tabu/Sol intitulado "O valor da peseta", Paulo Portas descreve um dos factores que tem levado Espanha a ser o que Portugal não se importava de ser também - a "quente" questão da boa e da má moeda, leia-se, a qualidade dos políticos que influenciaram decisivamente a história recente dos dois países.
Lúcido, objectivo e inegavelmente profícuo.

Suponho não ter a pretensão, desta vez, de causar qualquer tumulto nos órgãos de soberania lusos, mas ele há gente que tanta falta faz quando está calada...






sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

As 7 Verdadeiras Maravilhas Nacionais

No calor do entusiasmo pelo apuramento das novas 7 Maravilhas do nosso mundo, o Farol de Deserto realizou um exaustivo inquérito, durante longas e duras semanas, no sentido de apurar o que a blogosfera nacional consideraria como as 7 Grandes Maravilhas do nosso País.
Queremos agora partilhar os resultados:


1. Monumento Cutileiris Fallus do Parque Eduardo VII, na capital da Nação
2. Torre habitável Coutinho, em Viana do Castelo
3. Cordilheira de contrução litoral, na Costa de Verde e Costa de Prata
4. Estátua de Sua Entidade Reverendíssima Alberto Jardim, Funchal (ainda em projecto)
5. Raras espécies de flora (erves daninias verdis), no interior do Castelo de Leiria
6. Empreendimento Cimenteiro-radioactivo de Souselas, distrito de Coimbra
7. Azulejos externos do Estádio de Alvalade XXI, na Segunda Circular

Ca ganda alheira!


No "Jornal da Noite" da SiC, desta última noite, deparámos com a notícia de que tinha hoje começado, em Mirandela, o Campeonato Europeu de Ténis de Mesa para Deficientes Intelectuais e que o público não estava a aderir em massa à efeméride.

Confesso que naquele momento fui perturbado por outra razão não televisiva e, com pena, não consegui escutar os largos minutos de entrevistas a atletas, treinadores e dirigentes, que provavelmente terão adiantado explicações para a escassa presença de assistência.
Mas também me sinto intrigado por esta deficiência de público.
Só me ocorre que possa ser por estar um frio de rachar em Mirandela e não deixarem o público nas bancadas jogar ping-pong para aquecer.

Enfim, pelo menos, pensemos que a assistência seria por certo ainda bem menor se lá estivesse a decorrer o Campeonato Palestiniano de Minigolfe para Tetraplégicos.

BOM, ASSIS TÁ BEM...

Por dopping, o jogador benfiquista Nuno Assis vai ter que perfazer mais 2 meses de suspensão, porque a Procuradoria Geral considerou ilegal o arquivamento feito pelo Conselho de Justiça da FPF!!!

Ponto 1 - Imagino que Pinto Monteiro não vai mandar retirar os pontos conquistados pelo Benfica por esta ilegalidade do CJ. Mas creio que, pelo menos, dará ordens aos conselheiros para, como sua própria punição, jogarem alternadamente pela vez do Nuno Assis enquanto dura o resto da sua suspensão.

Ponto 2 - Quando o CJ arquivou o processo e evitou estes 2 meses de castigo ao Assis, agarrou o Presidente LFV nos microfones e gritou que iria pedir indemnizações pelos 4 meses que durou a suspensão até à altura, mas depois permaneceu mudo e quieto... Provavelmente não o fez por distracção ou falta de tempo.

Ponto 3 - O vice de LFV Sílvio Cervan está indignadíssimo com este episódio e promete que o Benfica tudo fará para mostrar a real verdade dos factos e para proteger o homem e o atleta.
Para resolver a primeira parte do problema de Cervan, aconselha-se a interpor um pedido de acusação do procurador Pinto Monteiro ao juíz Baltazar Garzón.
Para a segunda metade da consternação, e considerando que o homem e o atleta são a mesma pessoa, talvez isso se resolva com uma oração ao S. Francisco homónimo...

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

amigos para siempre


Em duas notícias consecutivas no canal de TV que acompanho com maior regularidade, ouço falar no "ex-ditador chileno" Augusto Pinochet e no "líder cubano" Fidel Castro. Eis como duas peças aparentemente muito objectivas têm afinal o cunho de um editorial perverso. Nelas se insinua que existem tiranos maus (os "ditadores") e tiranos bons (os "líderes"). Esta dicotomia é jornalisticamente inaceitável. E é civicamente inadmissível. Como se a bondade de um tirano variasse ao sabor de acidentes geográficos ou ideologias políticas. Como se o octogenário Castro, que oprime Cuba há 47 anos, fosse moralmente superior ao nonagenário Pinochet, que oprimiu o Chile durante 17 anos. Como se não fossem afinal irmãos siameses, ambos obcecados até à náusea pelo poder absoluto e unidos pelo ódio que sempre devotaram à democracia.

Na imagem: Fidel Castro e Augusto Pinochet em Santiago do Chile (1971)
Título do autor: Quando um ditador se torna "líder"
por Pedro Correia in Corta-Fitas

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Até amanhã, Camarate

Mais um aniversário passa sobre a morte de Francisco Sá Carneiro e de Adelino Amaro da Costa, que a história pretendeu viessem a constar como dois mitos políticos, em vez de nela figurarem talvez como os dois mais brilhantes governantes do Portugal democrático.

Mais um ano passa com a convicção da maioria dos portugueses sobre a tese de atentado, mesmo sem "pseudo-novidades" confissionárias de autoria da bomba.

Mais um ano passa com as interrogações de uns tantos sobre quem teria mandatado o crime.
Mais um ano passa com a indignação de alguns pela impotência da Nação em levar o caso a julgamento.
Mais um ano passa com as dúvidas de um ou outro cidadão sobre como seria isto tudo com ambos vivos.


Quantos anos passarão para Portugal voltar a ter um Sá Carneiro e um Amaro da Costa?

domingo, 3 de dezembro de 2006

Ó Vladimir...!


Num fim-de-semana de 3 dias em que nada de relevante se discute, para além dos 5/9 pontos que o F.C.Porto leva já de vantagem rumo à tradicionalmente fatídica época natalícia, eis que a comunicação social resolveu encontrar algo de mais forte para contar: as cirúrgicas eliminações de Putin.

Daí que me senti na obrigação de aqui divulgar a carta que lhe remeti na passada semana, pois isto agora já começam a ser mortes a mais, e há que ter o realismo de assumir que transcendeu o discreto núcleo de 2 ou 3 pessoas que estavam a par dos assuntos.

Caro Vladimir,
Desculpa, antes de mais, por estar a tratar-te tão formalmente, pois entendo que o conteúdo desta carta é demasiado sério para me dirigir a ti simplesmente por Vladi, como é habitual.
O episódio do Litvinenko, com pistas deixadas em aviões, em lençóis de hotel, em copos de restaurantes e em amigos italianos foge de todas as regras que a nossa empresa de consultadoria te passou, a ti e aos teus serviços, nas diversas consultas e acções de formação que demos até 2004, altura em que suspendemos a colaboração por achares que já não havia mais fundos vindos dos petro-negócios, para contratar consultores internacionais como nós.
Ó Vladimir, passaste imune em Setembro ao tiro que liquidou o vice-presidente do Banco Central da Rússia, que tanto te consumia a alma com aquela incómoda historinha da transparência no sistema bancário.
Ó Vladimir, talvez te tenhas também safado, em Outubro, daquela outra morte da jornalista que te massacrava com artigos de opinião sobre a guerra da Chechénia e sobre o teu estilo de governação.
Ó Vladimir, se calhar ainda te livraste de que te caísse em cima o dedo da acusação sobre o enusitado falecimento do teu infiel antigo primeiro-ministro Egor Gaydar, intrigantemente adoecido após uma singela viagem à Irlanda..
Mas, meu caro Vladimir, esta outra teatralização do ex-espião do KGB que sucumbiu ao polónio-210, desculpa que te diga, foi mesmo mal feitinha... Tanto folhetim, tantas cenas mal explicadas que passam de um dia para o outro, tantos testemunhos e confissões, até me faz lembrar uma telenovela infanto-juvenil que passa cá em Portugal, em que entra uma menina de saias às flores, uma bruxa má e mais uma cambada de bananas nacionais e estrangeiros.
Então em vez de mandares espetar-lhe um bom par de bananos na nuca ou largar um discreto piano de cauda quando ele fosse a passar em baixo de um qualquer edifício de Londres, deixas que o caso seja resolvido com substâncias radioactivas??? Não te lembraste de guardar uns rublos para renovar o plano básico de acções de formação dos agentes do KGB, com a inclusão de um curso de "Matança Discreta e Sem Deixar Rastos - módulo avançado" e um outro mais simples como "ABC dos Assassínios Rápidos Para Não Deixar Falar as Vítimas"?
Se tinha de ser mesmo uma liquidação radioactiva, lembrassem-se pelo menos de contratar um marginal dos subúrbios londrinos para lhe enfiar um transístor a pilhas pelas amígdalas abaixo! Ou então levá-lo para uma sala deserta e deixá-lo umas horas a ouvir a Rádio Festival ou o programa da manhã da Renascença!!!
Só tenho uma palavra para isto tudo: enusitado!
Por falar em enusitado, se isto tudo se tivesse passado nos Estados Unidos, caía o Carmo e a Trindade (quero dizer, Manhattan e o Empire State Building) e chamavam logo burro ao Bush, que é coisa que nunca ninguém se lembrou de fazer até agora.
Por isso, apelo, investe qualquer coisinha do teu orçamento de 2007 em mais formação para o pessoal do Kapa.
Continuando ao teu inteiro dispor para voltar a ajudar no que for preciso, recebe um cordial e amigoactivo abraço,
AndRocPinho

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

FLEXIGURANÇA

Não pensem que vêm agora ensinar nada de novo a toda a gente.
A Dinamarca, a Holanda e o Grupo Parlamentar do PCP já a praticam.



p.s.: por cautela, usa-se aqui o termo "flexigurança", para que não se caia no dilema ortográfico-neologístico entre "flexisegurança" ou "flexissegurança" .

Energia alternativa

Através de um anúncio na internet, um casal de pacifistas da Califórnia está a tentar mobilizar a humanidade para "um orgasmo global pela paz" em 22 de Dezembro, a data do próximo solstício, com a intenção de "criar uma massa crítica de vibrações favoráveis à harmonia".
Segundo afirmam, a ideia é "realizar uma mudança no campo de energia da Terra, mediante a inserção da maior carga possível de energia humana". Estes pacifistas crêem que a "combinação da alta energia orgásmica com a força mental pode ter um efeito muito maior que as meditações em massa ou as orações colectivas realizadas anteriormente".
O objectivo dizem ser que a "energia positiva e altamente concentrada", que entretanto se produzirá, reduza "os actuais níveis de agressividade e violência que perigosamente se verificam em todo o mundo".
Querendo saber mais, visite www.globalorgasm.com
Com tanta energia certamente muita gente dará à luz...

por Kruzes, kruzeskanhoto.blogs.sapo.pt