quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Não se passe cartão!

Nem que fosse uma mera questão igual à da mulher de César.
Detentores de cartões de crédito como os que agora vieram a lume, têm pelo menos a problemática do parecer...
Pode não ser o grande problema nacional, nem por aí resolvemos o défice, mas seja por 130 Euros/mês, seja por 5 milhões de Euros/ano para 3 administradores executivos e 4 não, meus senhores, não fica nada bem ao erário público ser discutido à boca cheia desta maneira.
No restaurante do Manel ou no Tavares Rico, ao serviço do metro, do centímetro ou de Sua Majestade.

Neste País, não faltam situações nem gente às quais, simplesmente, não devemos passar cartão!

domingo, 26 de novembro de 2006

Será segredo do penteado?

Há uns atrás, o então treinador do Sporting Augusto Inácio foi despedido, após ter levado o clube a ser campeão nacional, o que já não acontecia há 18 anos.
Na altura da "chicotada", o Sporting tinha sido afastado da Liga dos Campeões, na sua primeira participação de sempre, e seguia a 1 ponto do líder F.C. Porto no Campeonato Nacional.
Neste momento, vai a 2 pontos (graças a um milagreiro golo hoje metido a 2 minutos do fim) e já está fora da Champions League quando ainda falta uma jornada...

Seria um escândalo despedir agora Paulo Bento, mas convenhamos que ainda foi mais ridículo mandar Inácio embora.

Sim ao Não

Neste debate, ninguém sai inocente. Com o extremar de posições, recorre-se a todo e qualquer argumento. É minha opinião que, num debate tão sobrecarregado como este, nenhum dos lados pode reclamar 100% de razão. Há argumentos válidos de um lado e de outro e, sempre que um dos lados se pretende reclamar dos 100% da verdade, cai-se nestes abusos em que se explora o caso miserável ou a situação extrema, em defesa de um dos lados. Pessoalmente, a minha balança inclina-se para o não, depois de pesados os vários e sérios argumentos de cada um dos lados. Recuso-me a dizer que os defensores do sim são uns apóstatas que devem ser excomungados, pois entre eles haverá alguns que ponderaram seriamente a questão e não foi de ânimo leve que tomaram a decisão que tomaram. Tenho menos respeito por aqueles que, de um lado e de outro, assumiram a sua posição só porque o seu partido ou a sua igreja a isso os mandaram. Menos respeito tenho ainda pelos pseudo-cientistas que, por trás dos seus pergaminhos académicos, tentam argumentar por um lado e por outro uma questão que não é científica, mas sim moral.
Pela definição científica de vida, um feto tem vida em qualquer fase do seu desenvolvimento, diga o campo do sim o que quiser. Mas também as unhas dos pés têm vida e não existe legislação que as proteja, diga o campo do não o que quiser. No final, a questão é: que protecção a nossa própria consciência atribui àquela forma particular de vida que ainda está no ventre da sua mãe? Não há respostas científicas que nos ajudem aqui. Cada um terá de encontrara sua própria resposta e respeitar as respostas que os outros encontram. Para mim, a resposta é que aquela forma de vida merece a nossa protecção e que esse valor se sobrepõe a todas as outras válidas considerações que com ela se cruzam ou mesmo chocam. Não tenho provas científicas, não posso argumentar mais do que ser esse o ditado da minha consciência, não me posso reclamar uma verdade superior à do campo do sim.Sei, porém, que no final o que vai contar, é o veredicto da história. Acredito que as sociedades e as culturas estão sujeitas às mesmas pressões darwinistas a que estão sujeitos os organismos vivos individuais. No caso das sociedades, o genoma está codificado no conjunto dos valores morais por que se rege a sociedade. Quem tiver um bom genoma, sobrevive. Quem tiver um mau genoma, sucumbe. Não é possível dizer à partida quem vai sobreviver, pelo que não é possível dizer à partida, quem está certo. Mas, no final, o veredicto da história dirá quais foram as sociedades que adoptaram o código moral que melhor lhes permitiu sobreviver como cultura autónoma.

Por José Luis Malaquias in bloguedonao.blogspot.com

sábado, 25 de novembro de 2006

Para quem dizia não ter rabos de palha...

Tanta seriedade balofa, tanto apregoar do justiceirismo na bola, tanto encorajamento ao extermínio dos velhos dirigentes que estragaram (?) o futebol, só podia dar noutra novela ao bom estilo Vale e Azevedo.

Na Terra não há santos. E o futebol não se joga no céu...

Veiga lançou esta semana a sua candidatura a Custóias.
Lá chegará, talvez, via Alvalade.
"Sol", 25/11/2006
O objectivo era claro, segundo o Fisco: «desviar proveitos gerados e obtidos em Portugal para o exterior com o propósito de evitar a liquidação do respectivo imposto em Portugal» – lê-se no relatório da Inspecção Tributária.
A criação de empresas no estrangeiro e em paraísos fiscais para facturar as comissões de transferências de jogadores de futebol era uma prática corrente do empresário José Veiga. O caso do negócio da ida de João Pinto para o Sporting é um exemplo entre muitos outros.A Administração Fiscal, numa auditoria às contas de 1997 a 1999 de uma empresa de Veiga, a Superfute, já tinha detectado a forma de actuação do empresário.

Luis Filipe Vieira ainda só é putativo candidato a Monsanto.
Parece que vai pode ir lá ter por Marvila.
"SIC Notícias", 24/1172006
Saldanha Sanches, insuspeito fiscalista, declara: "A aprovação do loteamento dos terrenos em Marvila, por parte da Câmara de Lisboa, não se revêm propriamento nos conceitos de boa-fé" (...) A Câmara tinha pleno conhecimento, há muito tempo, de que o futuro traçado do TGV por ali passava. Trata-se tão somente de criar condições para uma indemnização, tirando largos milhões do bolso dos contribuintes para os entregar ao interessado na obra. E quem é ele? Por sinal, um nome bem conhecido da nossa praça - Luís Filipe Vieira.."

De facto, os apitos podem ter muitas cores.
Mas é certo que uns desafinam ainda mais do que outros..!

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quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Mateus rosa ou rosé?

Conhecido pelas suas posições políticas na área socialista e outrora ministro de um governo PS, Augusto Mateus arrasa com o exercício Sócrates na entrevista de hoje ao JN Economia. Não fossem algumas considerações favoráveis, quase limitadas ao esforço de consolidação orçamental, e diríamos que estávamos perante um descontente com as expectativas de generosidade socialista no plano das nomeações.

Vejamos, em 6 cenas, o filme dos ataques que fez:

Take 1 - Facadas no orçamento
"O maior defeito do OE é não ter uma política fiscal que promova o crescimento. Teria que fazer uma abordagem diferente no combate à evasão e medidas para simplificar a vida fiscal das empresas"

Take 2 - Tiros às alterações nas leis da Segurança Social
" O que se está a fazer são coisas pontuais, correctas, mas claramente insuficientes. O problema não é financeiro, mas demográfico. (...) Não garante uma sociedade onde se possa viver bem com a longevidade que formos capaz de produzir"

Take 3 - Esquartejamento do Plano Tecnológico
"O problema está no "como". TEMOS UMA OVERDOSE DE MODERNICE, QUE É MUITO ÚTIL DO PONTO DE VISTA DA POPULARIDADE MAS NÃO RESOLVE O PROBLEMA DAS EMPRESAS. O nosso Plano Tecnológico em muitas matérias é uma ideia, porque não define as tecnologias com mais potencialidade"


Take 4 - Bomba atómica na redução da despesa pública
"A reforma da Administração Pública exige, para ter sucesso, redução de recursos menos qualificados e aumento dos mais qualificados. A solução teria que passar necessariamente por rescisões. Vou mais longe, O QUE DEVIA SER POSSÍVEL, SE NECESSÁRIO, É UMA REVISÃO DA CONSTITUIÇÃO PARA QUE A SOCIEDADE PORTUGUESA POSSA VALIDAR POLÍTICA E DEMOCRATICAMENTE UM CONJUNTO DE REFORMAS QUE NÃO SÃO COMPATÍVEIS COM A RIGIDEZ DE CERTOS PRINCÍPIOS"

Take 5 - Mutilação do TGV
"Para as ligações Lisboa/Porto e Porto/Vigo, parece-me que seria perfeitamente possível uma solução de comboio de velocidade elevada, sem necessidaade de gastar rios de dinheiro para tentar ganhar 10 minutos ou um quarto de hora. (...) É preferível ter essa linha moderna (Lisboa/Porto/Vigo) daqui a pouco tempo do que um TGV daqui a 15 anos."

Take 6 - Granada na Ota
"É preciso explicar para que serve a Ota. Nuinca vi discutido a sério se a Ota é só uma solução para a Portela, porque se for, seria um disparate.(...)Discutiu-se o modelo de financiamento, mas não sabemos para que serve o novo aeroporto. (...) Sou contra despesa mascarada de investimento, contra investimento sem análise custo-benefício (...) ou em infraestruturas que não têm procura."

Augusto, socialista e progressista, ou liberal e realista? Mateus rosa ou rosé?

Intimidades militares

Forças armadas na rua, passeando com as mulheres de braço-dado, logo às 17.30h na baixa da capital, acham que é mesmo só passear, e portanto não vão cometer nenhuma ilegalidade contra a proibição do Governo Civil. Por isso, claro que vão mandar embora os jornalistas que aparecerem a fazer perguntas, a relatarem o passeio ou a filmarem!

Não estamos no tempo da PIDE! Era o que faltava se a gente agora não pode andar sossegadamente com a família por onde quiser e a dar beijinhos em público às madames, se apetecer, sem isso ter que ir parar ao telejornal...

Pior que a outra cena dos polícias a bater em polícias, não será com certeza

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Cada qual na sua pele!

TEM CIRCULADO NA INTERNET, POR E-MAILS E LINKS PARA SITE PRÓPRIO, UM CONVITE À CONDENAÇÃO PÚBLICA DA ESTILISTA FÁTIMA LOPES POR TER CONFESSADO QUE GOSTA DE PELES NATURAIS (APESAR DE NÃO AS USAR FREQUENTEMENTE). TENTA-SE CONSTRUIR UM "ABAIXO-ASSINADO" PARA ENVIO À ANJE , ORGANIZADORA DO PORTUGAL FASHION, ONDE A ESTILISTA PARTICIPA DA MESMA FORMA QUE EM OUTROS EVENTOS, PARA APELAR À RECUSA EM CONVIDÁ-LA PARA DESFILES.
QUEM O FAZ, FÁ-LO-À COM ALGUMA INTENÇÃO, QUE ATÉ PODE SIMPLESMENTE SER NÃO GOSTAR DE FÁTIMA LOPES. AO FAZÊ-LO, ESTÁ PROVAVELEMENTE A CONTRIBUIR PARA DAR À ESTILISTA UM PROTAGONISMO DO QUAL ELA PODERÁ BENEFICIAR MUITO MAIS DO QUE SE INCOMODAR COM O CASO. QUANTO À ANJE, O FACTO DE HAVER TAL PSEUDO-MOVIMENTO EM NADA AFECTARÁ A FORMA COMO GERE O PORTUGAL FASHION, ATÉ PORQUE É NOTÓRIA A FORMA DEMAGÓGICA COM QUE TAL OPINIÃO INDIVIDUAL PROCURA ANGARIAR SUBSCRITORES.

EIS O CONTEÚDO DA MISSIVA ANTI-FÁTIMA LOPES E ANTI-ANJE
EIS IGUALMENTE A RESPOSTA QUE SE IMPÕE


MESMO ASSIM, HAVERÁ SEMPRE ALGUÉM QUE CONTINUE A PENSAR QUE A FRASE DE FÁTIMA LOPES SIGNIFIQUE QUE ELA E A ANJE APRECIAM VER ANIMAIS TORTURADOS AO LIMITE DO SOFRIMENTO...
Se for esse o seu caso, meu caro amigo, então subscreva a petição, que o endereço está abaixo



De: António Santos [mailto:peticaofatimalopes@yahoo.com.br]
Enviada: segunda-feira, 6 de Novembro de 2006 13:55
Assunto: Petição contra a participação da estilista Fátima Lopes em eventos futuros do Portugal Fashion

Exm.o Sr./Srª

Primeiro, peço desde já desculpa por estar a enviar este email sem a sua autorização. Não é nossa intenção vender nada, apenas pretendemos alertá-lo para um assunto que diz respeito a todos nós, enquanto seres humanos conscientes.
Foi criada uma petição contra a participação da estilista Fátima Lopes em eventos futuros do Portugal Fashion. Fátima Lopes é uma das felizmente poucas estilistas portuguesas que apoia publicamente a utilização de peles verdadeiras de animais na industria da moda, e que usa peles de animais nas suas colecções.
O que a maior parte das pessoas desconhece é que os animais caçados ou criados para poderem "dar" as peles para casacos de luxo são tratados de forma terrivelmente desumana, criados em condições de sofrimento horríveis, e mortos das maneiras mais atrozes, chegando mesmo a ser esfolados ainda vivos para que a pele não perca brilho. É uma situação terrível que urge por cobro a todo o custo.
http://www.petitiononline.com/ftmlopes/
Assim, pedimos-lhe que leia o texto da petição e, se concordar com a mensagem, a subscreva, e divulgue. Quantas mais pessoas ficarem a par destas atrocidades, mais perto estaremos de criar um mundo melhor para nós e para os nossos filhos.

Não voltaremos a incomodá-lo com qualquer mensagem, e agradecemos desde já a disponibilidade e qualquer apoio que nos possa dar.

Com os melhores cumprimentos
António Santos
Paulo Cardoso




----- Original Message -----
From: AMSRP
To: peticaofatimalopes@yahoo.com.br
Sent: Wednesday, November 08, 2006 11:53 PM
Subject: Petição Fátima Lopes


Caro Sr,
Estamos felizmente numa sociedade democraticamente aberta, em que cada um se pode dar ao direito de exprimir pontos de vista e defender causas. Por isso, saúdo a sua preocupação para com as brutalidades que alguns cometem com animais indefesos, se bem que infelizmente ainda há quem o faça também com seres humanos. No entanto, como cidadão que também sou, não posso deixar de aproveitar o facto de nos podermos também democraticamente contariar, para lhe exprimir que penso ser de absoluto mau gosto e de imaginativa leviandade demagógica relacionar imagens e descrições de barbaridades cometidas por alguns com as eventuais preferências de um criador de moda em usar peles naturais. Terá, por acaso, elementos seguros que indiquem que haverá menos animais abatidos barbaramente para fins de alimentação do que para extracção de peles? No caso de já alguma vez se ter alimentado de carne, já meditou sobre a sua contribuição pessoal para o abate de animais, e, tem conhecimento certo de como eles são mantidos, tratados e abatidos? Saberá por ventura que percentagem ou que número de animais por ano são abatidos apenas para extracção de peles, e em que condições? Parecer-lhe-ia despropositado que a pele de um animal abatido para fins alimentares fosse aproveitada, por exemplo, para fazer roupa que pudesse beneficiar gente com poucos meios económicos e que tenha que lidar com o frio, ou faz-lhe apenas espécie que isso seja utilizado, como tantas outras coisas, por pessoas com mais meios? Já pensou na leviandade da afirmação "Fátima Lopes não é contra o assassínio lento e doloroso, em nome da vaidade, dos milhares de animais " ou, estarei enganado, e tem provas de lhe ter perguntado isso mesmo, tendo obtido resposta positiva? Pretende que lhe explique também a gravidade (por ventura até, de natureza jurídico-criminal) de outras acusações como "Esta senhora constrói o seu negócio criando roupa produzida à custa do sofrimento de seres indefesos"?
O facto de alguém gostar muito de dinheiro não faz dele um evasor fiscal, nem as circunstâncias de gostar muito de crianças o transforma num pedófilo. Daí que o seu empenhamento em promover a relação entre as palavras de Fátima Lopes (e, mais ainda, o alegado silêncio da Associação que organiza um evento onde a criadora participa!!!) e o vídeo que exibe não possam deixar de causar consternação a muitos, alguns dos quais certamente não terão tido a amabilidade e o tempo de, como eu, lhe responder.
Melhores cumprimentos

P.S.: QUEIRA POR FAVOR V.A EX.A AINDA INFORMAR-SE, JUNTO DOS MEIOS PROFISSIONAIS LIGADOS AO COMÉRCIO DE PELES, O QUE PROVOCA NA QUALIDADE DA PRÓPRIA PELE QUANDO O ANIMAL SOFRE E PORTANTO SEGREGA HORMONAS.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Gabinete de Comunicação de férias?


A TSF noticiou que o Governo achou infelizes as declarações da Oposição sobre o encontro de José Sócrates e alguns ministros com o novo Procurador, noticiada pelo Sol. Terá sido uma mera reunião para avaliação dos meios de actuação contra a corrupção.
Isso explicaria a presença do Ministro da Justiça.
Mas o que estaria então lá a fazer o Ministro das Finanças?

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Grande achado

Não raras vezes nos envolvemos em notícias ou factos públicos que dominam a consternação colectiva durante largos dias ou semanas, sem que nunca mais nenhum órgão de comunicação nos satisfaça sobre o desenrolar ou a conclusão das respectivas histórias. Também aqui os media não se livram da expressão "consumo imediato".
Parabéns SIC, pelos "Perdidos e Achados".
Esperemos não se venha a limitar à exploração contínua e mediática de sentimentos individuais.

Outras sugestões:
O que é feito do famoso gang do multibanco?
Já esgotaram os meios de acusação, recursos incluídos, contra Paulo Pedroso ou Herman José?
Como se tem portado o assassino dos turistas portugueses que acabaram cimentados numa barraca da praia?
As sentenças sobre o caso Acqua Park já foram todas proferidas?
E a vida de Vale e Azevedo, já não interessará a ninguém?

Sócrates sabe



Sócrates da Grécia Antiga ficou célebre na História do pensamento filosófico pela imortal expressão “Só sei que nada sei”. Sem lhe tirar o mérito do esforço de meditação de uma vida, eu sei pelo menos que o Sócrates do Portugal contemporâneo sabe um pouco mais que o seu distante homónimo, mas sei ainda (e, passe a arrogância, até tenho a certeza) que sabe muito mais do que qualquer dos seus antecessores no cargo de primeiro-ministro da era democrática.

Quanto aos seus predicados “profissionais”, aí há que assumir uma descartiana atitude de mais humilde dúvida, porquanto será altamente discutível se terá melhor ou pior visão estratégica para a nação, se possui uma mais profícua “inteligência” de análise dos problemas fundamentais, se goza de um maior savoir-faire ou de uma superior capacidade de decisão do que antigos ocupantes da chefia do governo, como, por exemplo e no limite, Cavaco Silva, Sá Carneiro ou Mário Soares. Tenho, no entanto, por certo que detém duas extraordinárias vantagens relativamente a qualquer outro:
1) Possui maior maturidade do que todos os primeiros-ministros que o nosso País já elegeu, capitalizada na maior dimensão temporal que lhe pode servir para análise de antecedentes – pode “olhar para trás” e ver por que razões a dinâmica de satisfação em torno de Cavaco Silva se esbateu, que fortes pecados cometeu António Guterres por acção e inacção, que “infantilidades” foram apanágio de Santana Lopes, que erros históricos protagonizou Mário Soares.
2) Nunca antes existiu um chefe de executivo a quem lhe fosse possível servir-se de uma maioria de esquerda monopartidária, o que lhe aporta uma oportunidade inédita, num momento em que o País necessita inequivocamente, e mais do que em qualquer outra altura, de políticas “à direita”, em tantas áreas quanto a competitividade da economia, as realidades do universo do trabalho, as finanças do Estado, a segurança, a própria saúde e a educação.


Pois neste preciso ponto, José Sócrates faz o mais categórico e eficaz uso das suas “vantagens competitivas”, entregando sucessivamente inéditos presentinhos à sua direita e óbvias prendas à sua esquerda. Aliando esta ímpar capacidade de distribuir jogo, por todos os jogadores à volta da mesa, a uma cuidadosa e eficaz capacidade de comunicação (leia-se naturalmente um excelente “marketing político”), não podemos deixar de admitir que está brilhantemente gerada a receita para vencer próximas eleições.

Não tenhamos sérias dúvidas ou ilusões a este respeito: Sócrates não é um reformador, e tudo leva a crer que vai desperdiçar uma oportunidade histórica de ficar, ele mesmo, memorizado na nossa História como um grande estadista. Promete reformas de fundo e limita-se, na prática, a algumas “semi-reformas”, de âmbito limitado, meticulosamente mediatizadas, a meras medidas de revisão (às quais dá um cariz de ruptura, sem o serem de facto) ou a simples acções avulso que induzam a ideia de desafio a interesse corporativos que são tidos como entraves a maiores dinâmicas reformadoras.
Refiro-me a um vasto leque de anúncios, decretos e projectos-lei como, por exemplo, o Plano Tecnológico ou ao PRACE, que não se sentem no terreno ou que já demonstraram, aqui e ali, serem pouco mais que o mesmo; ao Simplex, que é um excelente documento mas que não salta do papel para a eficácia; aos orçamentos de combate ao défice, sempre inconsequentes na diminuição da despesa pública, que é onde mais importa; ao disparate OTA e ao super-disparate TGV, que fazem lembrar as casas com o serviço mais caro da TV Cabo e contas da mercearia por pagar há um ano; e a tantos outras falsas acções ou non-senses governativos, que tanto se suavizam por eloquentes e atractivos discursos. (Perdoem não ter referido esta vantagem, pois nela é evidentemente também o melhor primeiro-ministro que já tivemos…)

As hipóteses de uma reforma constitucional que precisamos com diligência ficarão nisso mesmo, em meras hipóteses. O peso do estado na vida das empresas não vai deixar de ser o fardo de sempre. A agilização do mercado de trabalho e a flexibilização dos instrumentos que nos permitam maior competitividade permanecerão na prateleira. A eficiência de gestão social, que essa, sim, cabe ao Estado, continuará sem ver mais e melhores práticas de apoio aos cidadãos. A tranquilidade com que saímos à rua seguirá com os crescentes revezes sem que o governo actue em sentido contrário.

No fundo, ninguém saberá ao certo que pensamentos ideológicos terá José Sócrates.


Muito mais que um não-alinhamento ao estilo Gandhi ou marechal Tito, mais que uma acção apolítica ou “inideológica” como a de Gerhard Schroeder, mais que uma terceira via do tipo Tony Blair, Sócrates abre estreitas vielas em todas as direcções, oferecendo, a cada um de nós, pequenos caminhos que não nos leva eficazmente a lado nenhum. É certo que alguns se incomodam por terem que recuar o muro, mas ninguém fica com a propriedade amputada. Quem reclama, fá-lo por obrigação, ou até por orquestração, mas não por verdadeira convicção ou efectivo incómodo, pois Sócrates não os deixa ter motivos para se indignarem.

Mas quem sai de casa, vê trabalho em curso e buracos no chão…

domingo, 19 de novembro de 2006

Ganhar indústrias


Desde o primeiro Quadro Comunitário de Apoio aprovado na era Delors até aos dias de hoje, Portugal teve à sua disposição significativas verbas para dinamizar os seus mais carenciados sectores de actividade económica para o embate dos mercados desprotegidos e ultra-concorrenciais. Avultados montantes disponibilizados desde então, por exemplo, na agricultura, parecem não ter germinado de todo. Com raras excepções, foram sementes que morreram na terra.

Volvidos cerca de 20 anos, travamos a batalha da sobrevivência do sector secundário, à cabeça do qual surge incontornavelmente, ainda, a ITV, indústria têxtil e do vestuário. Mesmo representando já só cerca de 10% das exportações nacionais, a contrastar com os 35% à época da entrada na C.E.E., a ITV continua a ser a indústria nacional mais empregadora. Tal como no caso da agricultura, o seu enfraquecimento era um cenário perfeitamente previsível, mesmo que houvesse lugar a uma poderosa canalização das ajudas dos cofres comunitários. Tal como no caso da agricultura, os sucessivos QCA’s, traduzidos nos sistemas de incentivos do PEDIP, PEDIP II, IMIT e, mais recentemente, Dínamo e PRIME, foram-lhe atribuindo, sem grandes diferenciações, verbas mais ou menos generosas para a sua modernização. Tal como no caso da agricultura, já se registam tímidas intervenções a questionar sobre a maior oportunidade de “deixar cair” a ITV em benefício de outras com maior potencial de se imporem internacionalmente.

Ganhar algo ou perder tudo, concentrar esforços ou dispersar recursos, é o cerne deste dilema que não pode deixar de ser visto como de algum bom senso, por muito violento e politicamente incorrecto que até possa parecer
Mas exactamente por essa ordem de ideias, não temos que “dar de barato” a contenda de toda a Indústria Têxtil e do Vestuário neste mercado global. Há sub-sectores da ITV, produtos específicos e áreas ou nichos de mercado em que ela tem todas as hipóteses de competir ao mais alto nível internacional, como disso já tem dado claras provas. O que provavelmente continuará a ser um caminho errado será o de não destacar como prioritárias certas especificidades de tipologia de produto e de políticas sub-sectoriais. Da mesma forma que agora verificamos que são escassos mas existem sub-sectores agrícolas com algum futuro, como o dos vinhos ou o da promissora agricultura biológica, dentro de alguns anos poderemos muito bem constatar que se apoiaram sem consequências áreas da ITV, bem como aliás de outras indústrias, e que, pelo contrário, foram insuficientemente incentivados outros seus sub-sectores, outras actividades, outros produtos e serviços mais promissores. Seria, pois, de todo recomendável que as entidades nacionais procedessem, enquanto é tempo, a um aprofundado estudo sobre os elementos da ITV - assim como naturalmente de outras indústrias mais ameaçadas - que possam mais produtivamente frutificar.

Vejamos as palavras-chaves dos sucessivos programas de apoio de que esta indústria, e outras, beneficiaram até ao presente, desde o PEDID ao PRIME: equipamentos novos; informatização; qualidade; recursos humanos qualificados; marcas próprias; design; internacionalização; diferenciação/inovação; I&D e tecnologia em “dose-choque”. Acontece que, sempre que o futuro acabou por dar razão a tais lemas, ele próprio se encarregou de evidenciar que tais conceitos surgiram tarde demais. Quando se proclamava a necessidade de apostar na qualidade, já as empresas deveriam estar norteadas por tal prioridade e dedicar-se à internacionalização e à inovação. Quando se apela agora à Investigação e Desenvolvimento, já todos deveríamos estar com a respectiva máquina da inovação profissionalizada e pensar sobre que novas vantagens competitivas fazer desabrochar. Mas resulta sobretudo ainda que, para além de chavões tardios, os referidos lemas pecaram por isso mesmo, por serem palavras de mote generalistas, não aplicadas com orientação selectiva para os produtos, as empresas e os sub-sectores com actividade de maior potencial económico e competitivo.

Hoje muito se destaca a “clusterização” ao nível das novas tecnologias ou das energias renováveis. Não faria tanto ou mais sentido aplicá-la a áreas tradicionais específicas que já demonstraram o seu potencial competitivo?

Já há mais de 10 anos, os relatórios Michael Porter identificavam, entre um punhado de áreas de oportunidade para Portugal (entre os quais a do turismo, que ninguém hoje se atreve a contrariar), a indústria das malhas como um importante sub-sector da ITV que detém um “know-how” diferenciado e altamente competitivo. A realidade presente revela que as duas únicas empresas produtoras de fibras estão controladas por capitais estrangeiros e tendem as deslocalizar, que praticamente não temos fiações a operar no País, que as empresas de tecelagem nacionais contam-se pelos dedos das mãos, que as tapeçarias, as passamanarias, os bordadores, as cordoarias ou os “não-tecidos” correspondem a “ilhas” de actividade sem peso real na economia. Resta, na realidade, pouco mais do que a indústria das malhas, que, a par com a dos “têxteis-lar”, vai alimentando um conjunto de empresas de tricotagem, de tinturaria, de acabamentos e de confecção. Não teria sido preferível discriminar positivamente este sub-sector de maneira a que ele estivesse hoje mais forte e com mais sólidas perspectivas? Não será ainda possível reexaminar toda uma indústria, e toda uma ITV em particular, de modo a favorecer as actividades e as empresas que mantêm vantagens de base para a competição dos anos vindouros?

Mudar de lemas já provou que pouco colhe. Não seria altura de mudar de táctica?

sábado, 11 de novembro de 2006

Guiness!


Parece que nos poderemos orgulhar de ter em Portugal o clube de futebol com maior número de sócios do mundo.
Parece também que o Guiness Book of Records não tem uma alínea para o clube de futebol que mais sócios prometeu e mais longe ficou da expectativa
(Recordatório - Luis Filpe Vieira, 2004: "Se não chegarmos aos 300.000 sócios nos próximos meses, obviamente que me demito")